sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Formação de Qualidade

Recentemente, li uma matéria no portal uai que me chamou muito a atenção. A reportagem dizia que o Brasil possui pouca mão de obra especializada. Num primeiro momento, fiquei feliz, pois acreditei que esse cenário seria mudado uma vez que é cada vez maior o número de pessoas cursando faculdades em nosso país. Entretanto, refletindo um pouco mais e fiquei preocupado, pois são muitos colegas professores que reclamam que muitas faculdades estão quase proibindo a reprovação e estão quase que literalmente vendendo diplomas.
Durante alguns poucos anos, participei da equipe de avaliação para contratação de pessoas de uma empresa de TI. Era impressionante o despreparo de algumas pessoas formadas em faculdades que estampam os outdoors das grandes cidades como Belo Horizonte. Eu não me refiro ao conhecimento técnico, mas à capacidade de usar esse conhecimento. Fica claro para mim, que dentre outras deficiências está a falta de prática de exercícios elaborados que levem os alunos a pensar.
Não basta possuir laboratórios de ponta e professores qualificados (conheço muitos professores excelentes dessas faculdades). É fundamental deixar que esses profissionais exercitem seus alunos. Fatalmente ocorrerão reprovações. Fazer com que o aluno despreparado seja aprovado a qualquer custo faz com que esse não se dedique na medida necessária para obter o grau de formação pretendido.
Para exemplificar, recentemente o MEC impediu que 26 cursos de direito disponibilizassem novas vagas para alunos, segundo reportagem da Folha OnLine. Ainda bem que temos provões, provas da OAB e similares para avaliar recém-formados. Entretanto, isso ainda é pouco.
O caso que mais chamou a minha atenção foi reportado por uma amiga entrevistadora. Segunda ela, quando o entrevistado foi questionado do porquê ele deveria trabalhar na empresa em questão, esse disse: “Quero trabalhar nessa empresa, porque fiz um grande investimento na minha formação e agora quero ter o retorno”. Empresas sérias e competitivas não esperam esse tipo de resposta de um de seus profissionais. O candidato se portou como quem investe numa bolsa de valores ou num fundo de investimentos. Eu cheguei a pensar que esse entrevistado levaria alguém ao PROCOM, depois de saber que não seria contratado. Talvez ele devesse mesmo procurar o PROCOM, mas para levar a faculdade que o “preparou” para o mercado de trabalho.