domingo, 12 de abril de 2009

Estagiário Sênior

Tenho acompanhado o mercado de Tecnologia da Informação (assinando listas de emprego, conversando com colegas) e vejo crescer a cada dia a procura por um tipo de profissional: inglês fluente, experiência de mais de um ano em linguagens de programação (Java, por exemplo), frameworks de persistência e visualização, banco de dados, que saiba trabalhar bem em equipe, seja proativo. Acontece que estes requisitos são para candidatos a uma vaga de estágio!
Já trabalhei na iniciativa privada por alguns anos e ainda acompanho-a razoavelmente de perto para perceber uma prática lamentável: muitas empresas vendem horas de analistas e consultores sêniors, mas enchem os projetos de estagiários. Daí o motivo das empresas de RH procurarem um aluno para participar de um estágio, mas que preencha os requisitos que citei anteriormente.
Alguns colegas professores, que gerenciavam os estágios de final de curso, diziam-me: é freqüente empresas mandarem embora profissionais seus, substituindo-os por estagiários. Os garotos, muitas vezes, dão conta do recado. Acontece que, com a pressão e a responsabilidade crescentes, eles almejam melhores salários (nada mais justo!). Entretanto, muitas vezes esse desejo não é atendido.
Vejo também um outro cenário de abuso nos “estágios” acontecendo aos montes nas empresas de consultorias. grandes empresas de consultoria vendem projetos caríssimos, considerando consultores sêniors e plenos no projeto, mas na hora de executar, colocam “estagiários sêniors”, ou seja, aqueles estagiários que já estão ha mais de um semestre na empresa e já se mataram para aprender quase tudo o que a empresa vende em suas consultorias. A equipe de execução fica assim: um ou dois gerentes da consultora juntamente com mais um ou dois “estagiários sêniors”. Tenho vários amigos que me relatam esta situação ocorrendo no mercado de TI (tecnologia da informação) e em TA (tecnologia de automação). Muitas vezes, os serviços prestados por essas empresas de consultorias deixa a desejar. Isto acontece muito mais que possamos imaginar. A pergunta que fica é: como um absurdo destes acontece? A resposta é simples: As grandes empresas que contratam essas consultorias, muitas vezes, não fiscalizam bem os projetos e, principalmente, são incompetentes para medir o retorno obtido por esses projetos.
Sempre aconselho os meus alunos a procurar as boas empresas, ou seja, as empresas que respeitam seus funcionários, sejam eles estagiários ou efetivos. Geralmente, as melhores empresas são as pequenas (até 50 funcionários) ou médias empresas (até 400 funcionários). Aquela empresa na qual o dono te conhece. As grandes empresas têm mais dinheiro, mas muitas vezes, tratam os funcionários como números.
Para o bom profissional, não falta emprego. Pode ser que demore, mas com luta e persistência, as boas oportunidades sempre aparecem.